terça-feira, 15 de julho de 2008

Empolgação, é o nome.

Faltam 6 para 3. E não estou falando de horas.
Prefiro branco.

A vista embaçou, não sei se foi pela fumaçacigarrocheirofogo, não importa. Uma folha de partitura perdida e afastada das outras partituras fica imóvel sobre a cama. A mochila ronca, a bolsa ressona. O mentos exala o cheiro doceazedo de bala palidamente colorida.

E entre o monitor e a cadeira esburacada pela brasa, fica me observando um casaco vermelho, morno, reconfortante. A noite vem... passa devagar, brigando com o dia claro de vento frio que vem logo em seguida. O anel prateado na mão direita relembra um passado distorcido de esperanças vãs. A esperança que se corrompe no verde ilusório dentro da minha retina. A impressão que tenho é que meus pensamentos estacionam todos nos meus olhos.

O tempo vai passando... o tempo passou. Faz tanto tempo agora.

Meu calendário marca dia 11 de julho, mas tenho a impressão de ser dia 15 hoje. Não que tenha passado rápido. Não que tenha passado realmente. Mas ficou na lembrança o que foi salgado, mesmo que ninguém tenha colocado sal, mesmo que tenham borrifado açúcar sempre. A volta é o que me mantém estranha.

A permanência e a insistência perante o nada é que me mantém calada.
O nada é o que existe atualmente. Não por mim. Não por mim!
Mas o nada é o que vai existir logo. E dessa vez, pelo menos essa vez, será por mim.

Não conto mais nos dedos das mãos e dos pés somados depois multiplicados por três o tempo que passou. O nada ficou no meio, nas laterais, nas saídas e entradas, nas portas do fundo, no branco, no preto, na vigília, no som da água corrente. O nada insistiu no outro nada e ficou assim, quieto no que poderia vir a ser importante, parado no que poderia vir a ser diferente. É diferente, querendo ou não. Mas sendo o que é, não é nada. Nada, absolutamente. Nada de nada estabelecido no nada de lugar nenhum. O nada que fica entre a viagem todash e que, pelo ka, continuaria sendo nada. O nada que eu não gostaria de continuar recebendo e no nada é que eu não gostaria de continuar vivendo, observando devagar o tempo passar indo do nada diretamente para um nada mais profundo, mais doído. O nada que é o que é por simplesmente não ser alguma coisa!

Descrever um nada tão forte assim chega a machucar. Porque de mim o que sai é tudo, o que sai é a repugnância diante de um nada com tanto poder de persuasão. O que transborda é tudo, sm contar com o meu silêncio medroso. Mas de dizer e contar me cansei, de esperar algum tipo de resposta falada perdi a noção da hora, de cantar sem ter imagem perdi a paciência.

O difícil é convencer o meu tudo a sair do nada... tão cheio de nada que o nada é.
De tão real que esse nada me parece deixo o tempo passar, aumentando o tudo, fazendo um rombo no que chamo de iniciativa, engrandecendo minha fé no futuro. Um futuro que vai vir do nada, como todo o vazio que apareceu me olhando nos olhos.

Prefiro deixar o tudo ir embora, se afastar do nada devagar, pra não doer tanto dessa vez.
Pra não doer de jeito nenhum dessa vez.


Amanda Miranda

3 comentários:

Joao JIM disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Joao JIM disse...

tudo e nada depende de quem tem
de quem quer ter
ou de quem sente
as vezes se sente muito por nao ter nada
por nao ser nada
outras vezes nao se tem nada por sentir tudo
e assim as coisas vao seguindo
sem nada se ter, sem tudo ser
com tudo acontecendo e o nada fazendo voltar
deixando tudo como estava
nada e tudo no mesmo lugar

Lahiri Abdalla disse...

Cada dia você escreve um pouco melhor. Assim vou começar a ficar com medo de perder meus leitores. Hahahaha.

Amorzinho, você pode continuar me amando, se eu puder continuar te admirando e falando para todos que é minha irmã. =)