quarta-feira, 9 de julho de 2008

17 de dezembro de 2007

As folhas traem. Não são capazes de guardar os segredos mais tenebrosos. Não quero dizer que o que escrevo são fatos consumados, mas é fato que escrevo o que imagino. E, nem sempre o que imagino pode ser dito ou lido. Ou imaginado. O que imagino é inadequado, antiquado, novo, velho, chato. É vivo demais para ser aceito.

Não escrevo.

A música diz que está caindo dentro da noite. É uma metáfora interessante para substituir a morte. Cair dentro da noite... Eufemismo ou metáfora? Dependendo do ponto de vista pode-se dizer que é até aquela figura de linguagem que eu esqueci o nome que caracteriza o que é exagerado ou dramático. Hipérbole, talvez. Faz tempo... muito tempo.

Não interessa. Cair dentro da noite, da escuridão, do mar de nuvens de algodão preto. Às vezes me pego imaginando o gosto de uma nuvem e a cor do céu do próprio céu. Me sinto desejando saber a textura do chão em que piso ou a temperatura da próxima atmosfera em que devo pairar.

O meu céu é o som da água correndo. Apenas águas limpas com margens de grama. Pedras brancas e negras se destacando ao fundo da planície de gelo transparente. O brilho do pólen das flores, ou das fadas. A lembrança do espirro morto. O cheiro da terra incapaz de sujar a pele macia e carente de marcas ou cicatrizes.

O meu céu é cheiro de mofo da biblioteca mais antiga abrigando todos os registros literários de todos os tempos. E ler o infinito da beleza maior. E ouvir o compasso das músicas mais belas, onde nem o compasso pode ser medido ou contado ou pulsado. Posso desejar a ausência eterna dos insetos?

A verdade é que me impeço de redigir o que penso. O que penso qualquer um é incapaz de imaginar. Prefiro misturar lembranças e criar uma felicidade imaginada. Não quero críticas. Quero ações. Mas quem é capaz de agir antes de criticar?

Meu destino não foi exatamente escrito. Foi marcado a fogo na minha alma para que eu não caísse. A marca pode virar uma dolorosa cicatriz psicológica, com direito a lágrimas de sangue e o diabo de quatro esperando uma chicotada gostosamente sado-masoquista da minha mão. Quero ser delicada, então vou dizer que amar é preciso. AMAR é preciso em todos os sentidos.

Boa noite, boa sorte.

Múltiplas personalidades. Meu objetivo não é manter linhas coerentes de pensamento. Meu objetivo é pura e simplesmente PENSAR. Pense!


Amanda Miranda


“Feliz é o destino da inocente vestal.

Esquecendo o mundo e por ele sendo esquecida

Brilho eterno de uma mente sem lembranças

Toda prece é ouvida, toda graça se alcança”

Alexander Pope

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