quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Almost dry.


A fonte secou. Se volta a florescer ninguém sabe, ninguém viu. O amor morreu de solidão. Se é coma desmaio ou morte, ninguém sabe mesmo dizer, eu só sei sentir que fugiu aqui. Fugiu aqui! Ali, e ali também. Meu cérebro agora tem nome, Miscelânea, mistura de várias coisas avulsas sem rótulos fidedignos. Não sabe se vira pra esquerda, se vira pra direita, se aparece, se some, se vai ou se volta, se ama ou se revolta. Se vai embora, se falece. Se esquece. Como se tentar significasse conseguir. Cansei de tentativas vãs.

Sigo descalça.
Se para sempre ou logo mais, é muito para saber.
Sei que ainda vou descalça. Até que a solidão não valha mais a pena.

Vou descalça e volto descalça se precisar.
Cansei, mas não parei ainda. Vou tentar.

V.I.P.



Very... nothing.
Embriagada de faltas, apertou o tavesseiro contra o queixo e começou a contar. Um, dois, três dias, três letras, três falhas, um dois três, e nada mais que três. Pontes, medalhas, posições. Passou os dias numa cama entulhada de tecidos, metais, eletrônicos, escritos, roupas de baixo, sem pensar ao certo onde devia se encaixar, se na bagunça ou na mais bagunça ainda. Tentou abstrair, olhar para a partitura, ler os livros de atuação, mas cansou de leitura a primeira vista, já sabia atuar de cor. Queria o que não lhe pertencia e cansada de se ler apertou ainda mais o travesseiro, afundando boca, nariz e olhos sem querer respirar.Perdeu os sentidos e sonhou com álcool, melanina, cachos. Errou o caminho de casa, foi parar em outros casos, complicados, atados, despidos, desfeitos... foi parar em si quando já não havia mais feiura para ver. Viu tudo o que o sonho sem pudor propôs e se declarou culpada por sonhar assim. Queiós. Caos. Maus pressentimentos... passou batido pelo ônibus, pegou o metrô, arcou com o empréstimo, caçou labuta onde labuta não existia em dicionário, se negou. Repeliu. Foi onde viu que estava fazendo tudo errado uma outra vez. Abriu a boca para falar o que não deveria, agiu como temia e beijou paredes.

Stay With Me


Reclamei tanto que fiquei sem o que reclamar. Perdi.
Perdi os dias calmos e os atribulados. Perdi o bom e o mau tempo.
Perdi a cama pequena demais para dois e o bom dia arrastado preguiçoso que não saía de mim.
Ficou para trás as pequenas coisas. E as grandes também.

Afogada nos livros que me bombardearam desde a sexta trágica me deito sem dormir.
E logo durmo, sem sonhar. E logo, pesadelo.
Pessoas que não conheço, ritmos que não sigo, lugares que nunca visitei.
É um futuro, próximo, escalpelado e na tora que virá.
Sem resquícios. Talvez por isso tenha perdido. O controle e todo o resto.

Perdi para começar vazia.
Mas esvaziei-me sem querer.
Agora, não quero mais me encher.
Me encher do que não confio, me enxer do que não convivi, me encher do novo.

PORQUE TENHO MEDO.
Aquele medo que queima os ossos da testa e a ponta do nariz.

Vou pintar as unhas, mudar a forma de arrumar o cabelo, esquecer de mim.
Porque eu não pinto minhas unhas, e não mudo a forma de arrumar o cabelo.
Essa não sou eu... eu rôo as unhas e arrumo sempre do mesmo jeito.
Cada arrumação, uma ocasião.
Talvez deixe de arrumar. E esquecer de mim.

Vou tingir o cabelo de loiro e rosa. Ficar diferente.
Vou beber mais, dormir menos e... sei lá.
Vou evitar corar quando sentir vergonha.
Vou evitar sentir vergonha até não sentir de fato.

Não é que eu não queira viver mais, entenda.
Só não quero ser eu.
Porque eu não pinto o cabelo, eu não corto o cabelo, eu não sou assim...

Queria voltar atrás e saber ganhar.
Só aprendi a perder e me acostumei com a derrota.
É preciso ter coragem para amar.
Esta, ah, esta eu perdi também.

Meu amor ficou em outra estação.
Talvez numa outra primavera, num velho verão.

Resgatando rascunhos.


24/08/09

Não escrevi mais porque estava bem. A surpresa era justamente essa. Porque, se se lembrar bem, eu disse: escreveria até me curar. Me curei e não escrevi. E foi temporário, como o fogo. O fogo de abrir portas, de dividir o peso, de estender a companhia até o estacionamento. O fogo de pedir desculpas e admitir um erro simples. Esqueceu, tá esquecido. Pediu desculpas e acabou. Esquecer não esqueci, mas já providencio. É que os sorrisos não são mais verdadeiros ou plenos. Palavras são importantes sim mas, para mim, não fazem o menor sentido quando não são consolidadas. Gestos são importantes sim, mas não fazem o menor sentido sem a admissão verbal do sentimentos. Ainda mais com alguém tão tapado como eu.

06/03/10

Síndrome dispéptica.

Meu coração está em chamas.E isso pode significar muita coisa.Subi as escadas e deitei na cama, o sono veio com pressa e me derrubou as pálpebras.Sem reclamar sonhei. Há tempos não sonho um sonho bom.