terça-feira, 29 de setembro de 2009

Não sei.

Não.
Sei.
Não sei.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Kindashitty

Disfarça, ser, todo o seu asco raso.
Toda essa sua superficialidade, todo o seu conhecimento inventado.
Disfarça, escória, toda a sua vontade mista com maldade e chateação.
Palpita, mas disfarça!
Toda a sua linda imagem está em jogo agora.
Disfarça, grita o seu oco, mas disfarça.
Limpa seu troco, mas disfarça.
Esnoba outro corpo, mas disfarça.




Sê bom e omisso.
Forte e sarnento.
Louco e gosmento.

E disfarça pelo amor.
Disfarça, por favor.





Disfarço e largo minhas paredes de lado.
Nem tenho mais unha pra cravar na tinta descascada.
Nem imundície pra casar com o carvão desenhado.


Vou ali jogar água nessa sujeira.
E renovar a muntueira de criação.
Haja disfonia, maravilha.



Minhas fantasias foram parar em outras mãos.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O que não mata, engorda.

Da borda do sussurro surge o caos
Por que sussurra?
É de lá que nasce o segredo
É no segredo que se omite
Por que sussurra?
Não é nada mais do que um sítio aberto para visitação

É o bicho cor de vinho que altera
a feição, a silhueta.
Que transforma todo o topo interior em escuridão
O sussurro tem de alvo a mente clara
e logo tudo se esvazia. Nem ar fica.



O sussurro mentia.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Mea culpa


Porque do sólido que não posso ter, me satisfaço com o cheiro.
E não estava falando dos cigarros.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Saudade

Pra que esquecer o que já não existe em lugar algum? É redundância, simples assim.

Enfiada na calcinha mais confortável que pude encontrar, me esquento debaixo do computador pelando. A garganta queimando, o peito ardendo, o catarro tossindo e a febre subindo. A saudade cabendo cada vez mais dentro do que chamo de coração. No ouvido, o que posso chamar de silêncio gritante. Ouço meu próprio grito tantas vezes que me calo diante de vozes estupendas. E, claro, é só a marca de um novo erro.

É fácil o descontrole. Sou bicho, tão bicho, tão miserável e de egoísmo tão inesgotável que apelo fácil ao menor sinal de incoveniência. Preciso de alguém pra culpar porque estou cheia até a tampa. Transbordando. Quando transbordo, liquido. Ao liquidar, provoco. Ao provocar, me perco na fúria. E pra onde foi tão rápido minha idéia perfeita da doçura? Foi cavada na caixa do esquecimento que mantenho nos dias mais tensos.

A verdade é que eu to morrendo de saudade, de ciúme, de ódio. Saudade da pessoa que eu mais amo, ciúme da pessoa que eu mais amo e ódio da pessoa que eu mais deveria amar. Por isso. É um ciclo vicioso. E tanta a minha indisciplina que não consigo manter um diário! Escrevo no fulgor, no desespero de tudo, tentando remediar a mim. Cavucar o erro, entender o que é que me embaralha. E de tensão, bicos de papagaio e histórias sem pé ou cabeça estou farta. Não sei a quem culpar. Todos são tão perfeitos pra mim, que caem logo na inocência. Eu os inocento, sem pestanejar. Prefiro levar a culpa que fazer sofrer quem amo.

É fácil falar. Fácil demais.
Você tem toda a razão.

Mas é que agora é tarde demais. Já não sou mais alguém que realmente faça alguma diferença. São brigas, beijos e abraços sem sentido. Ironias sem eficácia. Concordâncias falsas. E nada mais. É por isso que me recolho no que gosto de ver como... eu mesma. É que aqui fico segura das falsidades. Sei exatamente quando minto ou quando sou verdadeira. Sei exatamente quando não gosto e quando adoro. Sei exatamente a hora de estourar e sei quando vou sair correndo. Sou previsível a mim e isso me faz bem. Sei quando me esperar, sei quanto vou demorar. Sei do que sou capaz e sei que ninguém seria capaz de me fazer desonesta. Sei de mim e sei que não sei me controlar. Sei que ninguém poderia fazê-lo por mim.

Sei que errei tanto e que me redimi tanto que o laço elástico ficou frouxo.
E nada é feito com frouxidão.



Minha firmeza idealista foi pro ralo.
Minha delicadeza inventada foi pro esgoto.
Minha esperança se perdeu no mar.


A vontade agora é de largar tudo. Toda essa cidade barulhenta e mentirosa pra trás e seguir num caminho de ipês amarelos. Onde a natureza, sem nãometoques pode me acolher na sua fúria simples, na sua chuva doída, na sua respiração restauradora. Salvadora. E me enfiar no mato, me embrenhar no pasto, montar num cavalo e sumir. Fugir pra onde provavelmente me encontrariam se quisessem realmente me achar. Abriria meus braços, claro. Mas não voltaria. E pra que? Enfrentar essas ruas bêbadas de carros sem direção? A sala montoada de gente uns querendo aprender e outros, desaparecer? Virar vaqueira, amazona. Por que não? Posso ser o que eu quiser. Andar de camisa larga, calças jeans e botinas. Deixar o cabelo crescer e aparar só quando a lua mudar pela trigésima vez. A verdade é que não sou forte. Quero acalmar. Ser brava no que sei ser brava. Enfrentar cobra, enxente, braquiarão. Isso eu sei fazer.

Não sei enfrentar ciúme, não sei interpretar sorrisos nem rostos sérios. Não sei enfrentar amor, gente ou caminhos indefinidos. Quero, agora, apartar as vacas dos bezerros, dormir e acordar cedo pra tirar o leite da vaca, cheirar as flores do jardim que a minha mãe plantou, ser uma vencedora dos campos verdejantes. E estar em cima de uma montanha azul.

Não quero dinheiro! Quero duas camisas largas, um par de calças e uma botina marrom. E, claro, um cabelo descabelado. Talvez as minhas maquiagens pra eu usar como hobby, mas nada mais que isso. Quero vida mansa, nada dessas coisas de ser madame. Madames são malucas, eu acho.


Mas.
São só sonhos fogo de palha.
Minha escolha foi feita.
Tenho que ir até o fim não importa o quanto machuque.













"A dance of death
out of a mystery tale..."