sábado, 19 de dezembro de 2009

De repente, não mais que de repente

Uma voz se calou. Neste mundo ficaram as fotos, as lembranças, a memória e as lágrimas que não param de cair. Ao menos por enquanto, porque a vida segue e sabemos que segue até onde Deus quiser que siga. E mesmo que "de repente, não mais que de repente" o nosso mundo suma, a nossa vida prossegue. Mesmo que em ritmo lento, a nossa vida se ergue exigente para ser vivida. Mesmo que aos pedaços. Mesmo que um dia após o outro. Até aprendermos o vazio que ficou.

Uma voz se calou. E era a voz do riso, a voz da marca. Era a voz forte e engraçada. Era a voz única. Insubstituível. Depois do silêncio, só fica a conformação de ter que aprender de novo. Tudo de novo. Com rotinas diferentes, com lembranças diferentes, com valores diferentes. E com saudades muito mais violentas. E nos resta aprender a andar de novo, a falar de novo, a reagir de novo. Nos resta aprender a sorrir de novo, a cansar de novo, a chorar de novo. Mas tudo de outra forma. Nos resta aprender a se abrir de outra forma, a encarar de novo.

Nos resta aprender a respirar de novo.
Um ar difícil de respirar. Costume difícil de aceitar.

Nos resta achar outros tantos motivos para aprender tudo isso mais uma vez. É o que a morte me causa. A morte me faz renascer. E me deixa burra de novo, tapada de novo, chorona e dramática de novo. A morte me deixa lenta, atrapalhada e febril. A morte me causa náuseas e cansaço permanente. A morte me causa olhos ardidos, dedos gelados. A morte é a fênix existente em mim. Que me faz morrer e renascer de repente, não mais que de repente.

Porque de repente, não mais que de repente, houve a separação. E a morte me veio brusca, quase desatenta, irremediável. Implacável. Invencível morte.

E nos resta a incredulidade.
E nos resta a força que não sabíamos que havia dentro de nós, pobres humanos acostumados com a vida. Pobres jovens enquanto os corações baterem, achando ser imortais. E nos resta o abraço e nos resta esse vazio inconsolável.

E nos resta a porra do tempo.
E só agora é que sei que alguns clichês funcionam.
Só o tempo cura isso.

Só o tempo cura.
Só o tempo cura.
Só o tempo cura.

E NÃO IMPORTA O QUANTO EU REPITA isso.
É fato que tenho que aprender tudo de novo.
Tenho que aprender a viver sem mim.
Porque não sou o que como.
Sou o que amo.
Pelo menos isso vou ter que aprender pela primeira vez.
Repetir o processo de aprendizado vai acabar me deixando louca, então alguma coisa tinha que ser nova.




E ainda há o que nos deixa pasmos.
A morte vai ser sempre uma delas.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Skydiving.

Doces lembranças serão as lembranças mais arrasadoras. Até que o que tem dentro esteja resolvido e em paz. Foram muitas, as doces e crocantes e surpreendentes memórias. Desde pequenas promessas furtivas aos choros em vão, com pitadas de sorrisos de lado. Troquei cartas, abracei sob o sereno em frente ao lago, fui perfeita para alguém em algum momento - em muitos momentos - e soube disso. Nunca traí a confiança de alguém, segui o caminho do bem. E muitos tapas levei por isso.

Só hoje, quando lembro das mil borboletas, do nervosismo diante de outra pessoa, da falta de ar e da euforia histérica é que dou valor a minha paz. A paz de agora, no sentido literal. É quando dou valor ao monótono, ao certo, ao latente. É quando o latejante e intenso se torna fútil, quase indesejável, quase infantil. O que sobra, ah, o que sobra... os defeitos e a rotina, deliciosos em sua fase mais imcompreendida. Porque os desejos de agora são preguiçosos... deitar sobre uma cama desarrumada, aproveitar o silêncio, ficar no escuro, ver um filme, e respirar sem ter nenhum objetivo, nem mesmo o de sobreviver. Só respirar.

Escrevo rápido para aproveitar esta hora de humor incomparável e paciência. Escrevo de uma vez para registrar e marcar o dia em que aprendi que lembranças são apenas lembranças... gostosas em suas diversas formas, mas sempre lembranças: nunca o desejo de voltar atrás. Estou bem agora, um pouco confusa por dentro, mas estou bem. A impaciência tem cedido às minhas investidas irresistíveis. Meu espírito se aquietou dentro do corpo satisfeito. A sede pelo intenso passou. A paixão, o fogo, o errado transformaram-se em força invencível. É, sou quase um super herói agora. O meu próprio herói, o meu próprio lar.

Não tenho como saber, há tanto a viver e sentir que não sei ao certo.
Mas acho que é amor.
Pela primeira vez, amor.


Estou segura em mim.
Não tenho limites.
E, mesmo segura, ainda jogo com todas as cartas que tenho.


Eu pulo.
Satisfeita em cair sempre de mim para mim.
Por mim.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Palavra.

O mais legal é que escrevo três páginas de desabafo e depois apago tudo.
Desabafo claramente. Mas prefiro que o que fique aberto ao público seja meu silêncio.










Assim ninguém fica sabendo como gosto de jogar. E quando.