sábado, 18 de janeiro de 2014

Insubstâncias.

Sombrio como os dias de tempestade e chuva torrencial, ele me perguntou, virando o rosto e abrindo os olhos grandes sempre muito devagar:
- Quem é você?

A conversa estava descontraída, falávamos de vodka e do quanto eu precisava de um drink. Os vidros do carro estavam abertos de frente à praça em que tudo começa. Em que tudo termina. O som da pergunta fez meu sorriso desaparecer e meu cérebro fritar. Eu não sabia responder. De olhar desfocado e testa franzida, eu chorei. Não sabia responder.

Me defino em paixão. De Netflix a chocolate amargo, de um trago a um gole, de abraço em abraço, do sorriso à vastidão do meu quarto revirado. Não perco tempo, essa sou eu. Não perco tempo em remorsos ou mágoas, não perco meu tempo em lamentos. Tenho sentido o tempo correr e a vontade de registrar tudo é tão intensa que o amanhã não vem, mas eu tenho planos. E não perco tempo planejando, penso, mudo, reseto, modifico e reverencio meus sonhos deliciosos nunca prontos, nunca fixos.

Hoje não tenho exatamente que pensar no que sou.
E nem vou.


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