quinta-feira, 21 de junho de 2012

Zombie.

Olheiras, machucados, tendo que comer o que vier indiscriminadamente, sangue frio, andando estranho sem tentar fingir que não manco, mancando mesmo. Fica subentendido, abstratos os braços tentando alcançar a frente. A diferença é que não busco carne humana, mas o futuro. 

Sou zumbi. Mal falo, mal vejo, mal me lembro do que há dez minutos passou por mim. Reconheço poucos e todas as minhas ações são pura convenção social. Educada, gentil. Normal com alguns roxos a mais.

Poetas, meus poetas, sempre os cito, me disseram, um deles, pra ser gauche na vida. E fui, né. E virei zumbi. Talvez esteja zumbi querendo nascer de novo mais bonita e mais forte desta vez pra não me atracar com o destino. Meu livre arbítrio me transformou em morta-viva. Sou a morte tão viva quanto sua presença etíope. Até falar depois de engolir gás élio me faz renascer.

Das cinzas não, há tempos deixei de ser pássaro. Não vôo mais. Meus pés estão firmes no chão e o efeito placebo das minhas lamentações também ficaram para trás. Erroneamente ou não, vou atrás da minha vontade atropelando sentimentos e felicidades bárbaras. Respiro pelo simples fato de estar acostumada ao ar dentro de mim. Não é inércia. É a busca incessante por alguma coisa.

Protelo o que é aparentemente desnecessário e minhas roupas são minhas pendências. Sei o que é o amor, mas não o vivo mais. Aquilo é só um detalhe de mim. Meus pilares estão em casa guardando minha alma com orações enquanto atravesso todas as barreiras mundanas. Sou forte e fraca, vento e brisa, delicadeza e brutalidade em duas mãos prontas para acolher e permanecer. Estou aqui. Ainda aqui. Pra sempre aqui.

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