segunda-feira, 1 de março de 2010

Cor da pele.

E o verão já começa a sofrer de outono. Os cabelos se arrepiam, a pele não fica para trás. A cor muda, de branca para levemente arroxeada, os labios esquecem o sabor da água.

Fica para trás o sol, quente e úmido do verão ao mesmo tempo frio, nublado.
A linha tênue entre as duas estações começa a ser rompida.
Qualquer linha tênue, ligações brilhantes amantes começam a ser rompidas.

O caos se inicia, entra de tapete vermelho no meio da multidão.
Entre eu e você.

Do meu lado, a multidão rala, cheia de altos, baixos, e crimes inafiançáveis. O inferno na Terra. Adorável Terra.

Do seu lado, o azul, o eterno verão, brilho inquebrantável, forças incontroláveis. Anjos nos vãos da escada a guarnecer os desavisados. Olhos tenros, ternos. Sorrisos e vitórias. E afagos.


De nada valeram dor, ou esforço, ou pé no chão.
De nada valeram minha cor, minha roupa, meu pé no chinelo a evitar o piso gelado.
De nada valeram as tentativas ou esquecidas ou investidas ou permitidas ou ah, idas.

E por idas e vindas o cheiro desgastou.
A transmissão falhou.


Nem a última noite me salvou do eunãoseioqueestoufazendocomvocê.
Nem a última manhã.
Nem os últimos anos.



E como não tenho com quem conversar, durmo.
Mesmo sabendo que nem nos meus sonhos o sol se faz presente.
Mesmo sabendo que amanhã tenho que acordar.
Trabalhar, almoçar, sorrir, comer e dormir.
Acordar.
Trabalhar.
Almoçar.
Sorrir.
Comer.
Dormir.

Por alguns dias seguidos.
Até acabar, enfim.



E há de acabar um dia.



Ah, se há...

Nenhum comentário: