segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010


Caímos.

O porto era o foco do remo, mas a esta altura o remo boiava pela água cheia de nervosismo incontrolável.

Era o vento dizendo como as coisas seriam dali para frente.



Descobri o significado da luta, mãe, dizia a pequena.
E logo se perdia nos devaneios infantis do ser ou não ser eis a questão.
Aos oito colocou a cruz nos ombros sem antes pesar.
Aos doze levantou a cruz com orgulho.
Aos quinze o vento soprava forte, a tempestade chegando.
Aos dezoito, a cruz ruíra, o tempo perdia sentido, a vida era carregada pelo suspiro cansado.


Quase vinte agora, mãe, dizia a grande.
E a mãe calada. O pai calado, a cadela resmungando.
O remédio na lata, o violão na parede, os lápis de cor novinhos em desordem pela mesa.

A caderneta de anotações anotada, desenhada, rabiscada, pesada .
O cabelo desgrenhado, o celular em silêncio, a casca a se soltar.

Mãe, me arrependa.
Pai, me repreenda.
Eu, me senta, me levanta, me cobre, me perca, me sele, me lace e me venda.


Já de manhã o sol me cega.
Já de noite o sol me nega.
Já de sempre o sol me espera.



Sozinho.

Um comentário:

Claudia Bittencourt disse...

Texto foda.
E você é demais, meu bem.
Never forget.

=******