quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Conversa Fiada

– Ah!! Sei não!! Tô aqui longe, coisa que fiz vez ou outra, tentando me acostumar com a falta de você. Acostumo não, tá provado porque muito tentei, em vão. Tô aqui, distante, vendo outros céus e outras serras, sei que parecidos com os que vc tb vê mas mais longe. Tentei, viver longe de seu abraço, de seu brilho, de seu calor. Tentei, mas... a saudade é por demais forte ainda; tô pronta não, então, mais uma vez, tenho que voltar... me espera...
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Fantástica mãe,
Fantástica sim. E amanda. Muito amada.
Escrevi esse texto num papelzinho azul na madrugada de segunda para terça, enquanto baixava alguns CD's na internet e depois de ler o seu texto sobre os flamboyants. Agora, gostaria que vc soubesse o que pensei enquanto ainda está longe.
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Fiquei te esperando [e ainda espero], mas você não chegou de madrugada. Às vezes me alivia pensar que você não enfrentou esse mundaréu de estrada à noite, mas a saudade começou a apertar forte.

Não dá pra andar pelas largas calçadas, de Brasília, cheias de flores sem pensar em você. Não dá pra ler os seus flamboyants sem derramar uma poça razoável de lágrimas. É tempo de flores...

Pode não parecer, mas a todo minuto penso em você. E no quanto gostaria de ver sua felicidade restaurada e firme. Para mim, é preciso que você diga o que pena, o que sente. Minhas adivinhações são falhas. Não sou como outras pessoas. Preciso dizer e ser ouvida, preciso escutar enquanto os outros falam. Preciso ouvir para entender. É que eu também virei meio pedra e minha percepção do mundo fora de mim começou a dar tilt. Também virei meio pedra, apesar de ainda me derreter por completo pelas pequenas amostras da sua alma extraordinária.

Para mim, é difícil te alcançar. E juro que não é falta de amor. Você sabe que não é. Às vezes acho que pode ser amor demais, mas o amor bom, puro, nunca é demais, nunca pode chegar a ser inadequado. Pra mim, todo amor é válido. Mas não é esse o caso. O caso é que tenho dificuldade em alcançar as ações das pessoas e o significado dessas atitudes. Tenho dificuldade em manter os laços no nível em que deve estar. Tenho dificuldade pra me relacionar profundamente. Porque virei meio pedra também. Meu amor é do tipo obscuro, escondido. Porque virei meio pedra também. Também fiquei em pedacinhos e ainda hoje vago à procura dos lugares por onde andei tentando reuni-los. Às vezes procuro as compensações, mesmo sabendo que compensações não funcionam, e acabo me quebrando mais um pouquinho outra vez.

Acho difícil pra caramba amar.
Mas é incrível a força que você me traz quando bota pra fora o seu fascínio, o seu dom, as suas obras, o seu jeito de levar a vida. Você me faz querer agarrar a minha própria vida e a de outras pessoas com unhas e dentes, até que essas vidas se convençam a se estabilizar. É fascinante ler o que sai de você. É também fantástico passar o olho linha após linha sem querer parar. E aos pouquinhos você vai me colando.

VOCÊ é uma mulher EXTRAORDINÁRIA. Nem por um segundo deixa de lutar, de acreditar, de amar.

Tento me guiar pela sua teimosia sempre correta. E eu sigo te rondando, esperando você me chamar pra dizer que me ama.

Fantástica mãe, mulher.
Fantástica.

Tenho muito orgulho de ser sua filha. Tenho muito orgulho em poder te amar de um jeito tão forte assim. E sempre será uma honra poder comentar seus trabalhos fantásticos. Seu jeito de escrever me tira o fôlego, me deixa sem o que dizer. Te disseram que tem lugar para todos, mas você não é só mais uma. Você não é medíocre, com trabalhos medíocres. Você é maravilhosa, com trabalhos emocionantes. Um ser humano completo.

O meu conselho de ex-adolescente-quase-adulta é que você siga o seu coração. E escreva. Até doer, até esvaziar, até murchar. Escreva, porque as lágrimas que eu derramo não caem por coisa pouca e você tem extrema facilidade em derrubá-las de mim. Você as derrama, lágrimas boas, lágrimas doces. Escreva. Até ser incapaz de produzir. Porque você tem toneladas de coisas lindas dentro de você. E eu quero vê-las escritas, dentro de um livro cheio de páginas cheirando a novas.

Porque vale a pena cada palavra que sai da sua cabeça, da sua mão, dos seus braços.

Vale a pena cada pedacinho perdido de coração pelas estradas da vida que passou como um tornado por nós.

E eu te amo até o chão em roda.

ATÉ O CHÃO EM RODA...

"Meu cálice transborda"- e continuo te esperando.
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– Tá vendo porque fico roxa de saudade? É por causa de que vc não é coisa pouca, coisa vã, coisa vazia. Tenho saudade desse universo infinito que se abre, expande, se espalha, avança, alcança. Tenho saudade porque tira o pó das dúvidas, arrasta o que está imóvel, arranha a divindade; eis porque tenho saudade. Você é a prova de que o ser humano pode sempre, eternamente, se superar...
Tô indo... com a garganta muda, o coração em desalinho e a cara marcada de choro... sem falar no soluço amarrotado... tô indo. e... obrigada. Obrigada por ser a minha redenção.

Mamãe
Daqui de Minas.
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– Eu te vejo vindo por cima das montanhas...
Esperando, esperando, esperando...

Um comentário:

Lahiri Abdalla disse...

Buubs.

=)

Lindo esse amor todo. Admiro.