terça-feira, 8 de maio de 2012

THOSE COLD WIND DAYS


Passando pelo vento frio de uma manhã ainda no outono.

O inverno não vai demorar muito a chegar. Aposentei temporariamente meus shorts, minhas regatas e busquei no fundo do meu armário meu casaco vermelho. Agora é outro casaco vermelho. O rascunho de lembranças que comecei há cinco anos atrás virou outra história, outra coisa, de outros tamanhos. O casaco vermelho original foi emprestado e depois perdido, como minha vida. Emprestei minha vida e a perderam, agora me encontro num estado de busca de mim mesma aparentemente eterno.

Achei o casaco vermelho, afinal. O outro, de agora. Não estava no armário, ou no fundo, ou no raso. Estava ali, pendurado na porta do meu quarto apertado, quase todo cheio por causa da cama de casal fofinha em que durmo sozinha todas as noites.

"Não quero parecer amargurada", uma amiga minha escreveu recentemente. Também não quero, não estou amargurada. Tudo dentro de mim parece saudade e vontade de repetir, só. Mas estou feliz assim como estou, já diziam os mentirosos. Eu nem digo que vou bem ou mal. Eu vou e não vou parar. Nunca mais vou parar. Se as pessoas ficam para trás, é uma opção delas. Eu sigo, se devagar ou rápido, eu vou. E como já disse uma, duas, milhões de vezes, vou em frente num clichê terrível sem saber pra onde.

Acho que minha alma é bilíngue.
E não me importo nem um pouco.

Aproveito o vento frio, assim como o sol torrando, assim como o sofrimento, assim como o amor que foge, que vai ou vem, assim como as borboletas no estômago que sumiram, assim como meu trabalho que me dá dor nas costas, assim como minha família linda barulhenta. Eu aproveito. Lindo é tudo. Mesmo, sem ironias desta vez. Eu aproveito e vou um dia depois do outro. Sem parar.

Eu sempre acho que já é hora de morrer, por não saber ainda o que fazer, que missões completar. Por isso vou, sem me questionar, sem reclamar, tentando não fazer rimas podres de pobres. Eu vou. Do trabalho para casa, de casa para o ensaio, do dia para a noite, da noite para o dia, do sonho para o pesadelo mais horroroso, do céu para o inferno e da alma para a carne. Todos os dias. Sem parar.

Eu vou.

Eu vou.

Pra casa, agora, eu vou.

Pararátimbum, pararátimbum.

Eu vou eu vou euvoueuvou

Um comentário:

Claudia Bittencourt disse...

Vou tentar aproveitar o inferno também. E tentar não ficar doente.

Quem sabe rola uma praia no verão? ;)


Amo-te.

Beijos!