domingo, 5 de fevereiro de 2012

Sunday.

Não costumo mais agitar coisas para fazer. Isso era uma coisa que eu fazia em São Paulo que dava muito certo, mas agora acho que gostaria de passar momentos mais reservados, mais comigo mesma. Descobri que tem sempre aquela fase da vida em que queremos estar mais quietos e que não ligamos, por exemplo, se ninguém ligar para fazer alguma coisa num fim de semana ensolarado.

Hoje dormi até dizer chega, literalmente. À medida que ia acordando pela manhã, várias vezes, sentia mais vontade de ficar na cama, para ver se o tempo passava mais rápido. Ansiedade para a viagem de amanhã, talvez. Um nervosismo gostoso de querer saber pra onde a vida vai me levar. Gosto que seja assim, gosto que tudo flua assim.

Então, me levantei, vesti um roupão, preguiça de tomar banho, e me sentei no sofá da sala para assistir um programa de TV que me surpreendeu por causa de um bloco em que os famosos levavam e recomendavam livros que faziam parte de suas vidas. Adorei as indicações e fiquei com vontade de ler todos eles, mas como todo mundo que senta para assistir TV, fiquei ali parada só vendo o tempo passar. Logo começou um filme, aquele em que tudo ganha vida no museu, engraçadinho, mas não aguento tanto tempo na TV, então resolvi caçar minha irmã. Ela havia saído para andar de slackline e desde a hora em que acordei queria aproveitar meu domingo de sol com a minha cadela, o monstro negro da casa.

Mandei uma mensagem, catei um pano velho, um potinho de plástico, tomei um banho rápido, calcei o tênis e coloquei o animal ofegante no carro. Que dia lindo, sei que ela pensou, porque eu pensei também, e fui. Não chamei ninguém, nem olhei o celular.

Cheguei e soltei a Hennah. Ela correu tanto que achei que fugiria, mas, mesmo de quase longe, ficava de olho para não me perder de vista. Depois de ser atacada por poodles valentes e muito enjoados, subir em cima da colcha de piquenique de uma mulher estranha e mau humorada, comer o pão de uma família e os ossos do churrasco, a cadela voltou pra mim. Minha irmã de biquini e short andava na fita bamba e ria enquanto eu só ficava olhando a cadela causar no parque da cidade.

Meu dia ensolarado se resumiu a uma alegria simples e sem tamanho. Olhar o animal correr e vir de repente para derrubar o pote de água, um carinho com cheiro de grama, uma lambida inesperada no rosto. Nada mais a esperar, nada para receber ou dar. Mais um lindo dia, obrigada, enfim.


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