quarta-feira, 28 de setembro de 2011

V.I.P.



Very... nothing.
Embriagada de faltas, apertou o tavesseiro contra o queixo e começou a contar. Um, dois, três dias, três letras, três falhas, um dois três, e nada mais que três. Pontes, medalhas, posições. Passou os dias numa cama entulhada de tecidos, metais, eletrônicos, escritos, roupas de baixo, sem pensar ao certo onde devia se encaixar, se na bagunça ou na mais bagunça ainda. Tentou abstrair, olhar para a partitura, ler os livros de atuação, mas cansou de leitura a primeira vista, já sabia atuar de cor. Queria o que não lhe pertencia e cansada de se ler apertou ainda mais o travesseiro, afundando boca, nariz e olhos sem querer respirar.Perdeu os sentidos e sonhou com álcool, melanina, cachos. Errou o caminho de casa, foi parar em outros casos, complicados, atados, despidos, desfeitos... foi parar em si quando já não havia mais feiura para ver. Viu tudo o que o sonho sem pudor propôs e se declarou culpada por sonhar assim. Queiós. Caos. Maus pressentimentos... passou batido pelo ônibus, pegou o metrô, arcou com o empréstimo, caçou labuta onde labuta não existia em dicionário, se negou. Repeliu. Foi onde viu que estava fazendo tudo errado uma outra vez. Abriu a boca para falar o que não deveria, agiu como temia e beijou paredes.

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