quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Stay With Me


Reclamei tanto que fiquei sem o que reclamar. Perdi.
Perdi os dias calmos e os atribulados. Perdi o bom e o mau tempo.
Perdi a cama pequena demais para dois e o bom dia arrastado preguiçoso que não saía de mim.
Ficou para trás as pequenas coisas. E as grandes também.

Afogada nos livros que me bombardearam desde a sexta trágica me deito sem dormir.
E logo durmo, sem sonhar. E logo, pesadelo.
Pessoas que não conheço, ritmos que não sigo, lugares que nunca visitei.
É um futuro, próximo, escalpelado e na tora que virá.
Sem resquícios. Talvez por isso tenha perdido. O controle e todo o resto.

Perdi para começar vazia.
Mas esvaziei-me sem querer.
Agora, não quero mais me encher.
Me encher do que não confio, me enxer do que não convivi, me encher do novo.

PORQUE TENHO MEDO.
Aquele medo que queima os ossos da testa e a ponta do nariz.

Vou pintar as unhas, mudar a forma de arrumar o cabelo, esquecer de mim.
Porque eu não pinto minhas unhas, e não mudo a forma de arrumar o cabelo.
Essa não sou eu... eu rôo as unhas e arrumo sempre do mesmo jeito.
Cada arrumação, uma ocasião.
Talvez deixe de arrumar. E esquecer de mim.

Vou tingir o cabelo de loiro e rosa. Ficar diferente.
Vou beber mais, dormir menos e... sei lá.
Vou evitar corar quando sentir vergonha.
Vou evitar sentir vergonha até não sentir de fato.

Não é que eu não queira viver mais, entenda.
Só não quero ser eu.
Porque eu não pinto o cabelo, eu não corto o cabelo, eu não sou assim...

Queria voltar atrás e saber ganhar.
Só aprendi a perder e me acostumei com a derrota.
É preciso ter coragem para amar.
Esta, ah, esta eu perdi também.

Meu amor ficou em outra estação.
Talvez numa outra primavera, num velho verão.

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