Ana, roubei sua maçã.
Abri a carteira e não era pra achar dinheiro. Nem carteira minha era, nem dinheiro meu era. Carteira preta, reluzente, com fecho prateado e reluzente. Reluzente demais. Queria ver seus compartimentos, desisti. Mas era carteira. E preta. Ótimo.
Só que reluzente, apesar de tudo.
Mesma coisa acontece no que é perfeito. Em algum lugar da perfeição fosca, aparece a parte reluzente. Aquele brilhozinho exageradérrimo que me faz tremer nas bases. Não quero que seja tudo liso e fosco. Não precisa ser liso, entende. Basta ser fosco. O brilho, quero dar eu mesma. O enfeite que falta quero que seja minha doação.
Tenho brilho demais. Talento para a afeição.
Talento para o esquecimento.
Talento verde, aquele com castanhas do Pará.
Resolvem qualquer perrengue.
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