Um clichê, um desencontro encontrado, um ingresso errado e logo o mar de grama verde se abriu para mim numa estrada de chão com cascalho (palavra perdida achada por uma pausa textual) cheia de vacas, vários tipos de vacas, alguns bois, muitos bois, mas mais vacas que bois e um suspiro choroso de chegar ao paraíso. Novamente, o paraíso que foi meu um dia e que será meu um dia.
Sempre começa com um clichê, amor de elevador, amor de carona, amor de ódio, amor do campo, o meu foi desses, que começou doce como um quer namorar comigo sem antes pegar nas mãos. Amor, não sei, amor? As borboletas são reais, como o meu suco gástrico, romanticamente falando, só que não. As borboletas existem, mais de mil milhões, e batem frenéticas suas asas leves dentro de mim, um estômago malcuidado, sofredor, lutador, enjoado. E batem, sem parar, sob minha pele, tecido adiposo, suor. Batem sob meu trabalho e batem durante todo o dia, enquanto canto, enquanto ando, enquanto tomo.
Tomei uma banda da vida há pouco e ela logo me recompensou com mil milhões, mais de mil milhões borboletas. Coloridas, elas são lindas. Esvoaçantes, meio perdidas. Ficam loucas quando veem a pele morena, sem camiseta de calça jeans, o sorriso aberto, o cabelo para cima, as mãos grandes. Amor, não sei, amor? Coisa boa, coisa que nunca mais achei que sentiria, tantas, tantas, borboletas durante tantos, tantos dias. E o telefonema, e o DDD de outro estado, o sotaque engraçado, lindo, a voz macia, o carinho estampado no tchau simples, difícil de desligar, desconectar, sair, parar de pensar.
Me enrolei no cobertor e coloquei meu banco ao lado da cadeira dele.
O abraço durou a noite inteira, um abraço e só.
Marcou o início, outro início, mais um.
Marcou o início, outro início, mais um.
Sempre um abraço iluminado pela noite clara, uma outra inesquecível noite clara.
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