É quando o espelho diante de ti passa a significar o quadro da mulher desconhecida.
É quando a mão estendida diante de ti não tivesse significado absolutamente.
É quando os dedos aparecem comidos, é quando o medo da escuridão se desfaz em gotas de cristal líquido.
É quando o mundo se descobre para mostrar os detalhes a olho nu não vistos.
É quando tudo cresce e explode diante dos teus olhos redimidos. Ou não.
O pecado, necessidade básica, seio pronto, mamas inxadas.
A sina, descoberta mútua, amor lascado, dança ritmada em pulsações cardíacas.
O bumbo, o batimento visceral do que foi feito para gerar.
A sensibilidade, vermelha, visível, dolorida.
A força regada ao respeito inacreditavelmente presente.
A vitalidade da nudez ao som do escolhido.
O som, gutural, interno, rude e espontâneo.
Curva aberta e cascalhenta sem aviso de segurança.
E o aro se lança em direção ao mundo oco.
É quando não reconheces a própria pele, o próprio cheiro.
É quando não inalas o suor exaurido.
É quando o rumo parece desvanecer.
Um desvio de olhar e tudo se foi.
A compreensão do fundamento humano, a próprio índole.
Sem ver, cega de mundo, cega de mãos e bocas, cega de carne, músculos e gordura
Me acho no afastamento.
Meu mundo termina quando o do outro termina.
Meu mundo termina quando vou dormir.
Adormeço como se fosse a última.
Adormeço até doer.
E dói, como dói tudo o mais.
O gelo, o fogo, o perdão.
A foice, a faca, o cordão.
A cara, a vista, a cera, o pão.
Acordo como se fosse a última.
Acordo até doer.
E dói, dói como tudo o mais.
O pedido, a escolha, a desculpa.
O meio, a flor, a culpa.
O selo, a correspondência, a luva.
Visto-me como se fosse a última.
Visto-me até doer.
E dói, dói como tudo o mais.
O recolhimento, a ordem, a fava.
O movimento, a articulação, a lava.
O assunto, a expressão, a forte clava.
Vivo como se fosse a última.
Vivo até doer.
E dói, dói como nada mais.
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Um comentário:
Grande amanda!
época confusa?
beeijo
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