Gosto do que não precisa explicar.
Gosto do curto e do solto, porque dizem tudo a quem precisa entender.
E o que vier de belo na criação, que fique. Que permaneça.
Que chova chá com mel, que deite resfriado, que fique nu sob a janela na madrugada ventania. Que se contraia num susto, que ouça no silêncio interno o barulho do lado de fora.
É o que nunca foi antes.
As fronhas macias cercam os cabelos soltos revoltos como as palavras que se jogam. O lençol combinado, antigo, e por isso melhor que qualquer novidade, escuta o deslize das lágrimas, sente o cheiro salgado de uma ponta de desespero. Testemunha as fungadas da enfermidade, a tosse da rouquidão. E silêncio.
A cadeira preta se esconde num canto, para não ver os olhos se fechando, ao mesmo tempo em que as lágrimas vão secando no caminho entre os olhos e o maxilar. E silêncio. Salgado, quente.
Entra sonho, sai sonho. Sonho bom, sonho pesadelo, sonho vazio. Os braços cruzados, unidos, juntos, jogados, dormentes, inquietos absorvem todo o macio do edredon violeta. Se são dois, se é um só, não há diferença.
A agonia se esvai como vapor d'água.
A pontada de desespero parece nunca ter existido.
O sono chega pesado, mas não consegue se impor.
Porque há o que é mais pesado que o sono.
E o que era lágrima vira roupa fora do corpo, sapato fora do pé.
Um resmungo, um movimento, dois movimentos, um resmungo mais forte e a fome. O cheiro marcante.
As meias ao lado da cama, os chinelos comportados, o quente, o frio, o contraste, preto, branco, os remédios gripais, o leite. O sono, pesando, se impondo, enxendo o quarto de escuro. O gosto, o doce, a boca seca, saliva perdida; líquido.
Abraço.
Dorme.
E quando tudo parece parar, o dia vara a cortina...
Gosto do curto e do solto, porque dizem tudo a quem precisa entender.
E o que vier de belo na criação, que fique. Que permaneça.
Que chova chá com mel, que deite resfriado, que fique nu sob a janela na madrugada ventania. Que se contraia num susto, que ouça no silêncio interno o barulho do lado de fora.
É o que nunca foi antes.
As fronhas macias cercam os cabelos soltos revoltos como as palavras que se jogam. O lençol combinado, antigo, e por isso melhor que qualquer novidade, escuta o deslize das lágrimas, sente o cheiro salgado de uma ponta de desespero. Testemunha as fungadas da enfermidade, a tosse da rouquidão. E silêncio.
A cadeira preta se esconde num canto, para não ver os olhos se fechando, ao mesmo tempo em que as lágrimas vão secando no caminho entre os olhos e o maxilar. E silêncio. Salgado, quente.
Entra sonho, sai sonho. Sonho bom, sonho pesadelo, sonho vazio. Os braços cruzados, unidos, juntos, jogados, dormentes, inquietos absorvem todo o macio do edredon violeta. Se são dois, se é um só, não há diferença.
A agonia se esvai como vapor d'água.
A pontada de desespero parece nunca ter existido.
O sono chega pesado, mas não consegue se impor.
Porque há o que é mais pesado que o sono.
E o que era lágrima vira roupa fora do corpo, sapato fora do pé.
Um resmungo, um movimento, dois movimentos, um resmungo mais forte e a fome. O cheiro marcante.
As meias ao lado da cama, os chinelos comportados, o quente, o frio, o contraste, preto, branco, os remédios gripais, o leite. O sono, pesando, se impondo, enxendo o quarto de escuro. O gosto, o doce, a boca seca, saliva perdida; líquido.
Abraço.
Dorme.
E quando tudo parece parar, o dia vara a cortina...
2 comentários:
É o que nunca foi antes. Sonho bom...
Que permaneça!
Braços cruzados, unidos, inquietos.
Quente, frio, contraste, preto, branco...
...Eu e você!
É o que nunca foi antes...
Sonho bom!
É na pequenina semente que se guarda o mais alto carvalho. É no limiar da alvorada que se espraia a luz do dia nascente, raio por raio, até que inunda o mundo. É no detalhe do grão de areia que se apóia o maior dos monumentos. E é numa alma jovem, de puro cristal, que uma mãe reconhece o milagre espetacular da vida. Há ninguém no mundo mais feliz, não há termos que podem descrever a plenitude de se apreciar almas iluminadas nos próprios filhos.
Sua arte, filha querida, vem de sua paixão. Paixão pelo universo, pelos seres em geral, pelo futuro que pode ser tão fantástico. Paixão, filha querida, é a razão de tudo. Mantenha-a sempre por perto. Que seu coração seja assim, apaixonado, para sempre.
Obrigada.
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